Jovane Silva Guissone fez história na quarta-feira (05.09.12). Ele conquistou a primeira medalha do Brasil na esgrima de cadeira de rodas em Paraolimpíada. E, logo após o feito, o gaúcho mostrou na prática uma das coisas que mais prega: pensar positivamente.
Jovane diz que tenta apagar de sua memória a tragédia que o fez perder os movimentos na perna e ficar paraplégico. Em novembro de 2004, Jovane foi vítima de um assalto na cidade de Canoas. No incidente, o jovem levou um tiro que perfurou pulmão, baço e acertou a espinha.
Ele procura evitar falar do acidente e levanta a bandeira de querer mostrar que os deficientes não são coitados. "Não gosto de ficar falando muito [sobre o acidente]. Foi muito difícil pra mim. Houve muita coisa. Eu tinha uma família antes e hoje falo com a família que tenho. Prefiro não falar e o que me importa é o presente, não o passado".
"Sempre procuro ajudar as pessoas que têm dificuldades. Só sabe como é quem passa por isso. Eu procuro ajudar as pessoas para elas sempre serem vencedoras. As pessoas olham pra quem está na cadeira de rodas como um coitado. Não somos coitados. Somos pessoas como as outras. Quero passar para as pessoas que somos iguais aos outros, somos seres humanos", falou.
"Eu acho que a gente tem que sempre pensar positivo, pensar sempre coisas boas, positivo sempre. Se você pensar sempre negativo dá errado. Eu, graças a Deus, sempre penso em ajudar os outros. Penso em estar do lado dos amigos."
Jovane diz não ter mais, inclusive, contato com o amigo que estava no dia em que sofreu o tiro. “A gente não tem mais relação, não converso mais, procuro nem falar, nem vejo mais, é outra [turma], é coisa que nem quero falar. Hoje tenho outra família, sou casado faz dois anos”, falou.
O atleta paraolímpico aproveitou para falar de suas felicidades, de seus feitos e de todo seu esforço para estar e vencer em Londres.
“Estou fazendo a história pela segunda vez [já havia sido o primeiro brasileiro a ganhar medalha internacionalmente]. Foi a primeira vez que vim para Paraolimpíada. Fico feliz pela força que dão pra gente. Queria dedicar essa medalha para os meus amigos, meus professores, minha mãe, meu tio, meu filho. Queria agradecer a todos os brasileiros”, falou.
“Representa uma vitória não só pra mim, mas pra todos brasileiros acreditarem mais no esporte e nas pessoas com deficiência. Somos capazes, não somos nenhum coitadinhos”, continuou.
O gaúcho, que vive em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre, já havia conquistado medalhas na Copa do Mundo de Montreal em 2011 e na Copa do Mundo de Marchal-2012.
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