terça-feira, 30 de abril de 2013

Brasileiro supera revolta e disputa título de MMA para cadeirantes







A máxima de que o esporte é feito para socializar foi levada a sério pelo paulista Rafael Rodrigues após sofrer um grave acidente na adolescência. Mas agora, aos 34 anos, o momento é outro: competitividade, busca por vitórias e show para o público.
É assim que ele encara a disputa de um cinturão de MMA para cadeirantes, em um evento pioneiro desse tipo. "Quero lutar pra que as pessoas sintam vontade de me ver lutando de novo. Vou tentar dar show"
O atleta das artes marciais mistas tem uma bonita história de superação. Rafael sofreu um acidente aos 17 anos, quando trabalhava com seu pai em uma serralheria. Uma das paredes do estabelecimento caiu sobre seu corpo e o soterrou. Acabou quebrando a coluna e ficou paraplégico.
Usou o esporte na busca da socialização. Chegou a jogar basquete para cadeirantes e também praticou o ciclismo com bicicleta adaptada para deficientes. Mas foi a disciplina das artes marciais que o conquistou.

Há quase três anos, foi convidado por um de seus preparadores físicos nos tempos do ciclismo para conhecer o jiu-jitsu. Ficou receoso no começo, mas após muita insistência decidiu tentar. Se apaixonou e virou um faixa azul. Tentou montar uma categoria para deficientes, mas não vingou. Ele venceu o único deficiente que também era praticante. Mas, depois, o rival decidiu abandonar a competição.
Rafael então passou a disputar combates contra atletas que não são deficientes, conseguindo até vitórias. "As pessoas na arquibancada se surpreendiam. Até meus adversários se surpreendiam. Quando chamavam pra pesagem, pra luta, as pessoas não conheciam o adversário. Aí eles viam um atleta encostando a cadeira de rodas e pensavam é com esse cara que vou lutar?´. É engraçado", falou.


"O jiu-jitsu melhorou meu autocontrole, disciplina e alimentação. Tenho mais calma e evito ao máximo confronto com as pessoas, não discuto no trânsito, por exemplo. A arte marcial respeita o próximo e é uma questão bem educacional. Me considero um cara bem mais tranquilo", continuou.
Enquanto fazia suas lutas no jiu-jitsu, praticava de maneira menos intensa o boxe. Até que viu na TV uma matéria sobre uma categoria de boxe para cadeirantes na Inglaterra. Foi atrás da organização do evento e descobriu que havia uma intenção dos dirigentes de criar a primeira competição de MMA para deficientes.

Enviou seu currículo, se empolgou e passou a treinar trocação com mais intensidade. Rafael foi bem avaliado pelos organizadores por seu histórico de lutas contra pessoas sem deficiência e contratado para já fazer a luta que valerá o cinturão da categoria até 70 kg do evento chamado "Wheeled Warriors" (Guerreiros sobre rodas, em português). Fez um contrato de cinco combates e disputa o título contra o francês Ludovic Marchand, no segundo semestre, ainda sem data definida.

É previsto na modalidade, que  fará neste combate sua estréia, que os lutadores comecem nas cadeiras de rodas com a trocação por cima. É possível então que algum combatente tente colocar a luta para baixo jogando o oponente e sua cadeira para o chão. Depois disso, os árbitros interrompem o embate, e as cadeiras são retiradas. Os oponentes então ficam posicionados para uma luta de jiu-jitsu.

"Da mesma forma que pegam na perna e levantam o cara [no MMA], eu pego na cadeira e vou jogar o cara no chão.  É isso que vou fazer. Caiu com a cadeira. Depois tiram as cadeiras e a luta se desenvolve pro chão. O juiz para a luta e continua na mesma posição", explicou.

O oponente francês foi escolhido para decidir o título diretamente por seu bom histórico no boxe. Rafael já armou a  tática para o combate e quer levar o rival para baixo, onde é mais forte, para usar seu jiu-jitsu e tentar a finalização.

"O que eu conheço dele é que é um cara forte, com mão pesada e tem boxe afiado. Estou trabalhando a trocação pra jogar de igual. Tenho jiu-jitsu mais apurado do que o dele, é bem forte. A estratégia é trocar o máximo que der e levar a luta pro chão."

Contrário ao estilo "amarrão", Rafael quer empolgar o público para que o esporte cresça. Quer dar show.  "Vou trocar bastante, que é o que o público gosta de ver. Vou fazer uma guerra. Não vai ser luta amarrada. Ele é forte e estou me preparando pra uma guerra na jaula. Garanto que essa luta será falada por muito tempo. Vitória não dá para garantir, mas garanto que vou dar meu máximo e tentar dar show."



Reviravolta e sonho de viver só da luta

Rafael conta que nos primeiros dias após o acidente foi difícil de se aceitar como deficiente. Não tinha motivação para o processo de recuperação e ficou uma pessoa revoltada. "Quando eu cheguei na AACD, estava muito revoltado e não aceitava minha condição de cadeirante. Eu estava bem depressivo, bem mal mesmo. Fiquei de mal comigo", lembra.

Até que um dia na AACD viu um deficiente tetraplégico e que não conseguia coçar o nariz por não ter movimento nos braços. A partir desse dia decidiu se motivar para a nova vida. "Ele mexia só o pescoço e pediu pra mãe coçar o nariz. Comecei a conversar com Deus e pedir perdão por ser revoltado e agradeci por ter aqueles dois braços", lembra.

Apesar da bela história, prefere não se rotular como um exemplo de superação. "Sou como todo mundo, um cara que tem qualidades e também defeitos."

Rafael é hoje casado e tem dois filhos. Formou-se em processamento de dados e trabalha em uma instituição financeira no ABC paulista. Mas seu sonho é conseguir viver exclusivamente das lutas.

Diz que não chega a colocar dinheiro do bolso para lutar por já ter patrocinadores, mas que o que tem de apoio ainda não é suficiente para viver só dos combates. "Meu objetivo é depois da luta do cinturão, trazer o título e correr atrás de patrocínio para quem sabe poder viver apenas da luta."


Parabéns guerreiro pela sua historia e pela sua LUTA!!! Belo exemplo de garra!!!


quinta-feira, 28 de março de 2013

Lutador com síndrome de Down ignora preconceito e estreia no MMA



Garrett Holeve é um homem de 23 anos, mas a síndrome de Down faz com que ele tenha as habilidades de uma criança de apenas nove. Mas isso não é suficiente para brecar seu ímpeto. O garoto norte-americano descobriu há cerca de três anos uma nova vida, como lutador. Vencendo a desconfiança e o preconceito, fez sua estreia no MMA.
A história de Holeve foi contada em detalhes em um documentário da ESPN norte-americana, que mostra o desafio que ele próprio teve com sua síndrome, as dificuldades de sua família e como ele se tornou lutador, ganhando o apoio de Stephan Bonnar, que já foi um lutador top do UFC.
Nascido em 1989, ainda bebê Garrett tinha características que posteriormente confirmaram o distúrbio genético. "Meu objetivo sempre foi dar toda a oportunidade a ele, como fiz com todos os meus filhos. Meu trabalho era fazer com que ninguém se metesse no caminho dele", contou à ESPN o pai, Mitch Holeve.

 


O garoto jogou basquete e beisebol, e o contato com crianças sem a síndrome gerou um preconceito com sua própria condição. "Um dia ele disse: "Não quero mais ser chamado de Garrett. Garett tem síndrome de Down, e ele está morto para mim", conta o pai. Ele não gostava de circular com outras crianças com Down, por achar que faria mal para sua imagem.
"Down não me afeta, eu apenas ignoro isso", diz Garrett. Ele passou a conviver melhor quando se tornou lutador. Foi uma ideia do pai dele, que colocou todos os filhos nas artes marciais. "Ele começou a ir para o chão, aprender rapidamente os movimentos. E percebi que tínhamos algo ali", conta o Mitch.
"Eu luto porque isso me faz feliz. Faz com que eu me sinta bem", explica o garoto, que também aumentou a autoestima ao perder 18 quilos: "sou uma máquina de músculos".

 


Garrett treina na conceituada American Top Team. Lá, foi apadrinhado por Stephan Bonnar - veterano meio-pesado, hoje aposentado, que em 2013 enfrentou Anderson Silva no Rio de Janeiro.
"Esse garoto tem personalidade! Ele não gostava de ter Down e ter de ouvir as pessoas lamentarem isso. Ele encontrou uma paixão nas artes marciais e um propósito para sua vida", opina Bonnar.
O pai do garoto foi chamado de louco, mas manteve a liberdade dele se tornar um lutador. Depois de algumas exibições, em fevereiro deste ano Garrett subiu no ringue para sua primeira luta de MMA. Com Bonnar no corner, achou um rival de seu peso e tamanho, "Monster" Mike Wilson. E começou levando um susto, com um soco certeiro em seu rosto.


"Eu tomei aquele soco como um homem. Não pensei em desistir. Nunca recuarei como lutador, sempre vou seguir em frente. Lutar mudou minha vida", disse ele, que apanhou, bateu, derrubou e terminou o combate vendo seu braço e o do rival sendo levantados simultaneamente, em clima de confraternização.
Hoje, Garrett Holeve se tornou também um professor. Ele ensina artes marciais a crianças e já tem seu primeiro aluno com síndrome de Down. "Quero ajudar muito mais crianças como ele. Para ele, sou um superherói", diz, orgulhoso.  O pai vendo as vitórias do garoto, deixa seu recado: "Não ponham limites nas pessoas. Vocês podem se maravilhar com o que pode acontecer quando se dá possibilidades a elas."


Parabens a esse lutador / vencedor / exemplo / guerreiro!!! Parabéns Garrett Holeve

quarta-feira, 27 de março de 2013

Daniel Dias treina em Bragança Paulista após levar prêmio Laureus

Nadador diz que emoção pela conquista é 'como se fosse a primeira vez'

O nadador Daniel Dias já treina nesta semana em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, após receber o Laureus de melhor atleta com deficiência em evento realizado no Rio de Janeiro na última segunda, 11. Daniel Dias se tornou a primeira pessoa na história a vencer a categoria duas vezes (veja vídeo à esquerda com imagens do treino do atleta em sua volta para a cidade natal após levar o troféu).
- Apesar de ser a segunda vez, foi como se fosse a primeira vez. Ter minha esposa e minha família ao meu lado na premiação aqui no Rio foi muito bacana mesmo - comentou.


Maior atleta paralímpico da história do Brasil, com 15 medalhas em Paralímpiadas – 10 ouros, quatro pratas e um bronze -, Daniel começou no esporte inspirado pela participação de Clodoaldo Silva nos Jogos de Atenas 2004. O pai do nadador, Paulo Dias, relembra dos momentos de dificuldade.
- Ninguém acompanhou tão perto quanto a mãe dele e eu todos os problemas que ele já enfrentou, as dificuldades que teve. Apesar das deficiências, ele consegue realizar seus sonhos todos os dias - declarou o pai, orgulhoso.
O atleta nascido em Bragança é vencedor do Laureus 2013 e 2009. À época, levou o prêmio por seu desempenho nos Jogos Paralímpicos de Pequim 2008.

Astro do filme "Colegas" divide cinema com status de fenômeno do judô


O carioca Breno Viola é mais conhecido pelo papel no filme "Colegas", grande sucesso do cinema nacional nos últimos meses. Mas nem todos sabem que uma das principais vocações do ator não está nas telonas e sim nos tatames. Além de atuar em filmes, Breno é considerado um verdadeiro fenômeno do judô para portadores de Síndrome de Down, com direito a inúmeros títulos internacionais da modalidade.
Na verdade, os feitos de Breno vão além da conquista de medalhas. Em 2002, ele se tornou o primeiro atleta com deficiência intelectual das Américas a chegar à faixa preta na arte marcial. Atualmente, o carioca de 32 anos é o único a obter o terceiro Dan (grau) do judô, além de atuar como árbitro do esporte.
"O judô faz parte da minha vida e sempre fará, vou continuar até o meu corpo aguentar. É algo da minha rotina e que eu gosto muito. O judô me ajudou a me impor como pessoa diante de todos", afirmou o lutador.


A rotina de treinamentos de Breno é digna de um atleta de alto rendimento da modalidade. Ele pratica a arte marcial de segunda a sexta no Flamengo, por até 20 horas semanais, sempre no meio de judocas sem qualquer tipo de deficiência.
Ele disputa desde 2004 uma série de competições fora do Brasil. Além de lutar no peso leve (até 73 kg), Breno também se arrisca no absoluto contra adversários bem mais altos e pesados, como no campeonato "Judo for All", sediado na Itália, onde conquistou o ouro em sua categoria e o bronze no peso sem limite.


"O Breno Viola é um dos atletas mais determinados para o treinamento. Fora do Brasil, dificilmente você encontra um judoca da Special Olympics [torneio para pessoas com deficiência intelectual] treinando junto com atletas de alto rendimento. Mas o Breno sempre buscou isso como uma forma de estar próximo aos ídolos do esporte e poder aprender com eles também", destacou Leonardo Mataruna, estrategista da seleção principal de judô e um dos treinadores de Breno.
O ator começou a praticar a modalidade com o irmão mais velho quando tinha apenas três anos. Aos seis, ele se inscreveu na academia e nunca mais parou. De acordo com Breno, ele superou uma série de preconceitos graças à prática da modalidade japonesa.
"Sofria com gozações dos outros, mas o judô me ajudou a falar mais grosso e a me impor mais", comentou o ator. "Tento misturar o estilo japonês, mais técnico, e o europeu, de mais força. Os dois são importantes no judô", completou Breno, que aponta Flávio Canto, Sebastian Pereira e a lenda nipônica Yasuhiro Yamashita como ídolos.


Mas apesar de romper uma série de barreiras no tatame, Breno Viola é mais conhecido pelo trabalho como ator. Protagonista do filme "Colegas" ao lado de Rita Pokk e Ariel Goldenberg, ele interpreta um galanteador que foge da clínica para portadores de Síndrome de Down ao lado dos amigos para realizar seus sonhos.
O filme ganhou ainda mais projeção graças à campanha de seu companheiro Ariel para que o astro hollywoodiano Sean Penn viesse ao Brasil na estreia do filme. Apesar de faltar ao evento, o americano recebeu Ariel em sua casa, em Malibu (EUA), na semana passada.
Enquanto isso, Breno estava em Nova York preparando um discurso na Conferência do Dia Internacional da Síndrome de Down, realizada na sede da ONU. "O movimento Down precisa da ajuda das pessoas e discursar na ONU foi muito bom. Precisamos ajudar as pessoas que realmente precisam e foi isso o que eu falei", afirmou Breno.


terça-feira, 12 de março de 2013

Bolt ganha Laureus de atleta do ano pela 3a vez; Daniel Dias vence pela 2ª vez

O velocista jamaicano Usain Bolt ganhou o prêmio Laureus de atleta masculino do ano pela terceira vez, nesta segunda-feira, após ter repetido nos Jogos de Londres-2012 o sucesso alcançado em Pequim-2008, com três medalhas de ouro.

Na primeira vez que a premiação considerada o Oscar do esporte foi realizada no Brasil, o atleta paralímpico Daniel Dias foi o único vencedor brasileiro, repetindo a conquista de 2009, depois das seis medalhas de ouro conseguidas nos Jogos de Londres.
"Eu queria fazer história e consegui conquistar as medalhas e entrar para a história do esporte brasileiro e mundial", disse o nadador paralímpico, que além das medalhas quebrou seis recordes mundiais, após receber o prêmio.
"É difícil falar o significado de chegar ao ponto que cheguei, mas sei que tenho muito a dar ao esporte ainda."
O Brasil também estava representado na premiação por Neymar, mas o jogador foi desbancado na categoria evolução do ano pelo tenista britânico Andy Murray, que em 2012 venceu o primeiro título de Grand Slam na carreira, o Aberto dos EUA, além de um ouro e uma prata na Olimpíada em casa.

Bolt, que não compareceu ao evento realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, venceu em Londres os 100m, 200m e o revezamento 4x100m, repetindo o desempenho fantástico obtido quatro anos antes, nos Jogos de Pequim.
O recordista mundial, que também ganhou o Laureus em 2009 e 2010, apareceu em um vídeo no palco da premiação e prometeu vir ao Brasil em 2016 para defender seus títulos olímpicos nos Jogos de 2016 no Rio. "Com certeza vou estar aqui", disse ele no holograma, vestido de terno e segurando o troféu, como se estivesse ao vivo.
Para ganhar o prêmio, Bolt superou o nadador norte-americano Michael Phelps, que ganhou quatro medalhas de ouro e duas de prata nos Jogos de Londres, tornando-se o maior vencedor olímpico de todos os tempos.

Phelps recebeu um prêmio Laureus novo, pela conquista excepcional em sua carreira. O nadador veio ao Rio de Janeiro para a premiação, e horas antes do evento participou de uma aula de natação para crianças de um projeto social esportivo na favela da Rocinha.
"Não há nada mais especial do que estar com crianças e ver os sorrisos em seus rostos. Espero estar envolvido com o esporte pelo resto da minha vida", disse Phelps, que se aposentou das piscinas após Londres e agora se dedica à sua fundação de caridade, na premiação.

Os outros indicados ao prêmio de atleta masculino do ano eram os britânicos campeões olímpicos Mo Farah (atletismo) e Bradley Wiggins (ciclismo), o tricampeão mundial de F1 Sebastian Vettel e o atacante do Barcelona e da seleção argentina Lionel Messi.
A Grã-Bretanha tirou proveito da realização dos Jogos Olímpicos e ganhou três prêmios. Jessica Ennis (campeão olímpica do heptatlo) foi eleita a atleta mulher do ano e Sebastian Coe, presidente do comitê organizador dos Jogos de Londres, recebeu um prêmio especial por sua vida, enquanto Murray ganhou o prêmio de evolução.
O dominicano Felix Sánchez ganhou o prêmio de recuperação do ano, após conquistar o ouro nos 400 metros com barreira em Londres oito anos após ganhar o título olímpico da prova pela primeira vez em Atenas-2004.
O prêmio de esportes ação foi para o austríaco Felix Baumagartner, que tornou-se o primeiro homem a romper a barreira do som em um salto livre ao pular de um balão na estratosfera, a 39 quilômetros de altitude.

O prêmio Laureus é considerado o Oscar do esporte, premiando os principais atletas masculinos e femininos do mundo anualmente. Os vencedores são eleitos pelos 46 membros da academia do Laureus.


E mais uma vez, a nossa reverência ao super campeão, herói e ídolo Daniel Dias


Parabéns Daniel!!!


Dono de dois Laureus, Daniel Dias vibra: 'Subi no palco na minha casa'

Após receber prêmio sem cerimônia em 2009, nadador brasileiro paralímpico destaca o segundo troféu do 'Oscar do Esporte', agora conquistado no Brasil


Numa noite em que Neymar era o principal destaque brasileiro na plateia do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, quem brilhou mais no Prêmio Laureus, o “Oscar do Esporte”, foi o nadador paralímpico Daniel Dias, dono de seis medalhas de ouro em Londres no ano passado, e com recordes mundiais batidos em todas essas provas. Pela segunda vez na carreira, Daniel Dias foi eleito o Melhor Atleta com Deficiência de 2012. Mas o sabor foi maior, já que o evento aconteceu no Brasil.


- Graças a Deus deu tudo certo e subi no palco na minha casa, no Brasil. Estou extremamente feliz e tenho que agradecer muito a Deus mesmo – disse o atleta na saída da premiação.
Além de conquistar o prêmio em seu país, Daniel Dias pôde recebê-lo pela primeira vez no palco, já que em 2009 não houve cerimônia em função da crise econômica mundial. Cada um dos premiados foi apresentado em eventos separados na ocasião.
Ao vencer o Laureus, Daniel Dias deixou para trás cinco concorrentes, um deles o brasileiro Alan Fonteles, do atletismo, e ainda Patrick Anderson (basquete em cadeira de rodas, do Canadá), Johanna Benson (atletismo, da Namíbia), David Weir (corrida em cadeira de rodas, da Grã-Bretanha) e Alex Zanardi (ciclismo, Itália).


Parabéns ao nosso campeão e ídolo Daniel Dias!!!

Laureus consagra Bolt, Phelps e Daniel Dias; Neymar sai sem troféu

Em noite de gala no Rio, jamaicano é escolhido Melhor Atleta, e americano leva prêmio por feitos na carreira. Nadador paralímpico vence pela 2ª vez


Sozinho no palco do Theatro Municipal, pouco depois da abertura oficial, Morgan Freeman pediu: “Vamos respeitar o extraordinário poder do esporte”. Nem precisava. Diante de uma plateia formada em grande parte por alguns dos maiores atletas da história, coube ao ator guiar uma noite de celebração no Rio de Janeiro e dar um toque de Hollywood ao “Oscar do Esporte”. Na festa de entrega do Laureus, nesta segunda-feira, o jamaicano Usain Bolt, eleito o melhor atleta de 2012 e maior ausência da cerimônia, e o americano Michael Phelps, que recebeu o prêmio especial por suas conquistas, foram os principais vencedores. O Brasil também teve seu momento de glória com Daniel Dias, que conquistou o troféu de Melhor Atleta com Deficiência pela segunda vez – já havia levado em 2009. Neymar, que concorria como Revelação de 2012, saiu de mãos vazias ao perder a disputa para o tenista britânico Andy Murray.


Bolt, que conquistou três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres (100m, 200m e revezamento 4 x 100m), desbancou Lionel Messi, Sebastian Vettel, Mo Farah, Bradley Wiggins e Michael Phelps para ficar com o principal prêmio da noite. O ex-nadador americano, no entanto, não saiu de mãos vazias. Aposentado depois de se consagrar como maior medalhista olímpico da história, com 22, sendo 18 de ouro, ele foi homenageado com um prêmio excepcional por seus feitos na carreira, o mesmo troféu dado a Pelé em 2000. Entre as mulheres, a britânica Jessica Ennis foi escolhida como a melhor atleta de 2012.
Vencedor em 2009, Daniel Dias se consagrou como primeiro brasileiro a receber dois troféus da Academia. No caminho, deixou para trás o compatriota Alan Fonteles, que buscava o mesmo título. Neymar, outro concorrente brasileiro da noite, foi superado por Andy Murray, campeão em Londres e no US Open.


Bolt, Phelps e Daniel Dias se consagram
No palco, com o presidente Edwin Moses à frente, os membros da Academia Laureus deram início à cerimônia, pouco depois das 19h. Na sequência, o governador Sergio Cabral deu as boas-vindas aos convidados e lembrou a série de eventos que a cidade vai sediar até 2016, com a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos. As luzes, então, se apagaram. Depois de alguns segundos de expectativa, Morgan Freeman, um dos grandes nomes da história do cinema e mestre de cerimônias da festa, apareceu sozinho no palco.
Em um primeiro momento, Freeman mostrou um vídeo do golfista alemão Martin Kaymer, que liderou a equipe europeia em uma histórica vitória contra os EUA, dentro da casa rival, na Ryder Cup. Falou sobre a importância dos feitos esportivos, contou seu sonho de ser atleta quando menino e arrancou gargalhadas do público. No telão, então, passou a ser exibido um vídeo com um resumo dos principais fatos do esporte em 2012, ao som de “Titanium”, parceria entre David Guetta e Sia. Depois, o ator fez uma brincadeira com o apagão que marcou o Super Bowl deste ano, com as luzes do Theatro Municipal novamente apagadas.


Na primeira disputa da noite, o de Melhor Atleta de Esportes de Ação, Freeman passou o controle para Michael Phelps. O ex-nadador americano se enrolou com o roteiro, que passava em um teleprompter (aparelho usado nos telejornais), e pediu desculpas. “Estou um pouco nervoso”, explicou. Depois das apresentações, o austríaco Felix Baumgarter recebeu o prêmio por ter saltado da estratosfera e quebrado a barreira do som, em outubro do ano passado. No discurso, lembrou sua passagem pelo Rio, em 1999, quando escalou a estátua do Cristo Redentor. Também conversou com o skatista Tony Hawk, membro da Academia e também vencedor do Laureus, e viu um vídeo com seus principais feitos na carreira.
Foi a vez, então, de o ator Kyle MacLachlan subir ao palco. Depois de um vídeo apresentando os concorrentes, anunciou a vitória da equipe europeia, com a surpreendente conquista da Ryder Cup. Os atletas, que estão em uma competição nos Estados Unidos, foram a primeira ausência na premiação. Na sequência, o coro infantil da Rocinha apresentou sua versão, com trechos em inglês, de “Cidade Maravilhosa”.


Os atores Fernanda Lima e Cauã Reymond apresentaram os concorrentes a Melhor Esportista com Deficiência, que marcaria a única vitória brasileira na noite. Daniel Dias, que já havia sido escolhido em 2009, levou o prêmio pela segunda vez por suas seis medalhas de ouro e seis recordes nos Jogos Olímpicos de Londres. Recebeu  o troféu das mãos de Ruud Gullitt, que substituiu Emerson Fittipaldi, que não compareceu à festa devido à morte de seu pai, Wilson.
- Estou muito feliz. Quero agradecer à minha família por ter me apoiado. É difícil falar o significado de chegar ao ponto que cheguei, mas sei que tenho muito a dar ao esporte ainda. Eu queria fazer história. E consegui conquistar as medalhas e entrar para a história do esporte brasileiro e mundial.
A atriz brasileira Morena Baccarin, uma das estrelas da série americana “Homeland”, subiu ao palco para falar sobre as ações sociais da Academia Laureus. Em seguida, foi a vez de a Academia homenagear Michael Phelps. Com direito a um discurso de Mike Spitz, segundo maior nadador da história das Olimpíadas, o americano recebeu o prêmio por seus feitos na carreira.
- Não há nada mais especial do que estar com crianças e ver os sorrisos em seus rostos. Espero estar envolvido com o esporte pelo resto da minha vida.
Na sequência, a atriz Eva Longoria foi quem anunciou o prêmio de Melhor Atleta feminina do ano para a britânica Jessica Ennis, uma das estrelas dos Jogos de Londres. Queridinha da torcida de seu país, a atleta conquistou o ouro no heptatlo e emocionou. Depois, Andy Murray, mais uma ausência da noite, superou Neymar na corrida pelo título de revelação de 2012. Campeão do US Open e ouro olímpico, o britânico disputa o título do Masters 1.000 de Indian Wells.


A cantora Bebel Gilberto subiu ao palco para cantar "So Nice", versão para "Samba de Verão". Na sequência, mais uma apresentação artística, desta vez do grupo de capoeira Arte Nobre. Um vídeo com imagens do verão carioca e das ações que membros da Academia participaram desde a última semana passou a ser exibido no telão.
O pugilista ucraniano Vitali Klitschko foi escolhido para apresentar o prêmio de "Melhor Retorno". Félix Sánchez, que fez história ao conquistar seu segundo ouro olímpico nos 400m com barreiras nos Jogos de Londres, oito anos depois de levar o primeiro, em Atenas 2004, foi o vencedor. No palco, o dominicano, nascido nos Estados Unidos, se emocionou ao lembrar de seus passos de superação rumo ao pódio na Inglaterra, sendo muito aplaudido pelo público.
No principal prêmio da noite, o lendário tenista Boris Becker apresentou os candidatos ao título de Melhor Atleta do Ano. Com o prêmio especial para Phelps, a escolha estava clara. Grande vencedor da noite, Usain Bolt não estava ali para receber seu troféu. Mas, em holograma, diante do ex-velocista Michael Johnson, comemorou sua terceira conquista no Laureus - levou também em 2009 e 2010.
- Esse último ano foi muito difícil, apesar das conquistas. Por isso, vencer o Laureus pela terceira vez é incrível - afirmou o jamaicano, que mais uma vez garantiu sua presença nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
No fim, no último prêmio da noite, Sebastian Coe, bicampeão olímpico nos 1.500m e dono de outras duas medalhas de prata nos Jogos de Moscou, em 1980, e Los Angeles, em 1984, foi homenageado por sua carreira. Depois de se aposentar e enveredar na política, o ex-fundista e um dos membros da Academia foi o homem forte na organização das Olimpíadas de Londres.


Parabéns ao nosso grande ídolo Daniel Dias!!!