terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Deficientes utilizam academias sem adaptação em São Paulo


Deficientes físicos não precisam de locais especializados para praticar esportes, mas nem todas as academias da cidade de São Paulo estão preparadas para recebê-los, segundo levantamento feito pela Folha.
Todos os estabelecimentos de uso coletivo são obrigados a instalar rampas, reservar vagas de estacionamento e adaptar banheiros, entre outras medidas determinadas por lei federal. O cumprimento da norma, no entanto, não é unânime entre as principais academias.
Focada no público feminino, a Curves diz que seu roteiro de exercícios não é adaptado a pessoas com dificuldades de mobilidade. Já a Runner afirma, por meio de sua assessoria, que está reformando suas unidades para torná-las acessíveis.


Outras redes são freqüentadas por deficientes, mas não estão totalmente adaptadas. As três unidades da Competition em São Paulo têm alunos com necessidades especiais, mas apenas a da Paulista possui acesso livre de degraus. Na Oscar Freire, uma nadadora cadeirante precisa do auxílio de funcionários para subir as escadas até a entrada.
Mesmo sem oferecer programas específicos, algumas academias de São Paulo já se dizem aptas a receber qualquer freqüentador. A unidade Jardins da Fórmula, no shopping Eldorado, atende a 38 pessoas com deficiência, muitas em convênio com as ONGs Projeto Próximo Passo e Bombelêla.
Quem não é encaminhado por nenhuma associação não paga mais caro em nenhuma das academias consultadas. Na Fórmula, inclusive, os deficientes têm cerca de 35% de desconto no valor do plano anual.


Além de instalações adequadas, falta preparo dos profissionais para receber deficientes na maioria das academias, na avaliação da diretora-fundadora da ADD (Associação Desportiva para Deficientes), Eliane Miada. "Os professores passam um treino mais leve quando poderiam passar um mais intensivo", exemplifica.
Pelas diretrizes do Ministério da Educação, cursos de educação física devem abordar as necessidades dos deficientes, mas a existência de disciplinas exclusivas para tratar do assunto não é obrigatória.
Professor responsável por educação física adaptada na USP, onde a matéria é obrigatória, Luzimar Raimundo Teixeira afirma que, mais que quebrar barreiras arquitetônicas, as academias precisam quebrar "barreiras de atitude".


Aluno-surpresa
Das dez unidades da Bio Ritmo, a do shopping Pátio Higienópolis é a única com restrições de acesso, mas é lá que o psicólogo Rafael de França, 25, treina musculação, boxe e ioga -- entrando pela porta de serviço para evitar a escada.
França nasceu com mielomeningocele, patologia que faz com que não sinta as pernas dos joelhos para baixo. Seu início nos esportes foi aos 13 anos, sempre em academias voltadas para o público geral.


"Quando eu percebi que a fisioterapia não ia me colocar de pé, eu saí para a vida", afirma.
Seu professor, Marcelo Ubirajara, diz que a disciplina de ginástica adaptada que cursou na graduação em educação física na Unisa (Universidade de Santo Amaro) e a especialização em fisiologia lhe dão segurança para adaptar as aulas quando é surpreendido por um aluno com restrições -- segundo a prefeitura, 10,32% da população de São Paulo tem deficiência, mas não há dados sobre quantos praticam esportes.
A vereadora Mara Gabrilli -- tetraplégica após um acidente de carro e primeira titular da Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, criada em 2005 -- malha diariamente: faz alongamento, pedala numa bicicleta que exercita os braços e até caminha com ajuda dos choques da eletroestimulação.
Para ela, a atividade física ajuda os deficientes a combater o sedentarismo e ganhar auto-estima. O aluno da Bio Ritmo Rafael de França, no entanto, faz um alerta: "A sociedade enxerga o deficiente ou como o coitadinho, que precisa de tudo, ou como o super-herói que transpõe barreiras. Essa cobrança por superação inibe alguns cadeirantes".


E estes exemplos devem ser seguidos, os deficientes devem sair de suas casas e enfrentar a vida de frente, e terem o mesmo pensamento final da vereadora Mara Gabrilli, o deficiente ele é especial, deve ter condições especiais para a sua locomoção e desenvolvimento, porém deve ir à luta e conquistar cada vez mais o seu espaço e o respeito na sociedade.




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